22/11/1953
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Plebiscito sobre a autonomia do então Distrito de Mauá.
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03/11/1954
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Eleição do primeiro prefeito, vice-prefeito e vereadores.
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1º de janeiro de 1955
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Efetiva instalação do município e posse dos eleitos.
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Aniversário do município
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8 de dezembro
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Prefeito atual
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Francisco Marcelo de Oliveira
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Vice-prefeito atual
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Celma Maria de Oliveira Dias
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Presidente da Câmara
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José Carlos da Silva Martins
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As primeiras referências documentais específicas sobre o atual território de Mauá
datam do início do século XVIII. Naquela época, a região que abrigava a área onde
hoje se localiza Mauá recebera a denominação indígena de "Cassaquera", cujo significado
é "Cercados Velhos". Já a região vizinha, que ficava na parte alta do território
em que se localizam Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, chamava-se "Caguassu",
cujo significado é "Mata Grande".
A região de "Cassaquera" abrigava um povoamento bastante disperso, cuja existência
estava diretamente relacionada ao caminho que ligava a então Vila de São Paulo ao
litoral e que, atravessando o território, passava nas vizinhanças do atual leito
ferroviário, às margens do rio Tamanduateí. Com o tempo, a localidade tornou-se
passagem obrigatória para os povoados de Pilar e São Bernardo. O povoado de Pilar
desenvolveu-se ao redor da Capela de Nossa Senhora do Pilar, construída em 1714,
no atual Pilar Velho - Ribeirão Pires. Esse povoado também estava à beira de outro
caminho que conduzia para a Vila de Mogi das Cruzes através dos campos de Taiaçupeba
e Guaió.
Em 1856 foi aprovado o decreto que permitiu a formação de uma companhia para a construção
da estrada de ferro Santos/Jundiaí e concedeu ao Barão de Mauá, juntamente com o
Marquês de Monte Alegre e o Conselheiro José Antonio Pimenta Bueno (que viria a
ser o Marquês de São Vicente) o direito de construir e explorar a ferrovia por 90
anos.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos primeiros idealizadores da construção
de ferrovias que ligassem São Paulo ao litoral ou, por exemplo, ao Rio de Janeiro,
foi a captação de recursos para a empreitada. Por isso, Irineu Evangelista de Souza,
o Barão de Mauá, obteve do Imperador D. Pedro II autorização para buscar recursos
fora do país. Valendo-se de seu prestígio social, o Barão de Mauá conseguiu que
boa parte das ações fosse subscrita por pessoas de seu círculo de relações. Conseguiu
também que os governos do Império e da Província de São Paulo oferecessem as garantias
exigidas pelos banqueiros ingleses para o empréstimo de capital.
A participação do Barão de Mauá na fase de construção da ferrovia foi também intensa,
fato ilustrado pela frequência com que sua presença era exigida durante as obras.
Foi por essa razão, aliás, que ele adquiriu, em 1862, uma fazenda localizada no
atual município de Mauá. Tal fazenda pertencia ao Capitão João e possuía uma casa
grande na qual o Barão teria morado e hoje abriga a Casa da Cultura e Museu Barão
de Mauá.
A construção da ferrovia, que começou no porto de Santos e seguiu em direção a São
Paulo, foi iniciada em maio de 1860. Projetar e construir a ferrovia foram grandes
desafios para os técnicos britânicos. A solução adotada para transpor a Serra do
Mar foi construir uma série de planos inclinados, com um declive de 10%, e utilizar
locomotivas estacionárias para descer e subir os trens por meio de cabos.
A São Paulo Railway Company, organizada em Londres, foi formada para construir a
estrada de ferro que ligaria Santos a Jundiaí. A inauguração da estrada de ferro
em 16 de fevereiro de 1867 melhorou significativamente o transporte de produtos
agrícolas do interior para o Porto de Santos, em especial o café produzido na Província
de São Paulo, impulsionando o desenvolvimento local.
O crescimento da então chamada Vila do Pilar motivou a Superintendência da São Paulo
Railway Company a instalar uma estação da ferrovia na localidade. Em 1883 foi inaugurada
a então Estação do Pilar, toda construída em madeira, que viria a representar importante
papel no processo de industrialização do futuro município. Em 1926 a Estação do
Pilar passou a chamar-se Estação Mauá.
Desde sua fundação, a Vila do Pilar pertencia a São Bernardo (freguesia de 1812
a 1889 e município a partir de então). Contudo, pela proximidade e pela facilidade
de acesso via ferrovia, a localidade ao redor da Estação São Bernardo (mais tarde
Santo André) sempre exerceu maior influência sobre Pilar, sobretudo nos aspectos
econômicos, comerciais e administrativos.
Em 1938 Mauá foi de fato integrada ao município de Santo André. Em 1943, tanto no
então Distrito de Mauá, quanto nos demais distritos de andreenses (Ribeirão Pires,
São Bernardo e Paranapiacaba), já se falava do desejo de emancipação. O plebiscito
que permitiu a população optar pela autonomia do distrito ocorreu em 22/11/1953.
A efetiva instalação do município e posse do prefeito, vice-prefeito e vereadores
eleitos em 1954 se deram em 1º de janeiro de 1955.
O aniversário de Mauá é comemorado no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da
Imaculada Conceição, que é a Padroeira da cidade. Em 08/12/2011 Mauá comemorou 57
anos de existência como município.
Industrialização
No início do Século XX surgiram as primeiras indústrias no povoado do Pilar: Moagem
de trigo Norza e Rosazza (antecessora da moagem de sal do Matarazzo); fábrica de
louças Viúva Grande e Filhos, mais conhecida como Fábrica Grande (a primeira do
ramo na localidade); e a cerâmica (produtora de tijolos e telhas) e a serraria de
Bernardo Morelli. Até então predominavam as atividades de extração de lenha e carvão,
bem como as olarias e as pedreiras.
A industrialização começou em torno da estação. A cerâmica e a serraria de Bernardo
Morelli ficavam do lado de baixo, em terras ricas em argila. A moagem de trigo Norza
e Rosazza ficava do lado de cima da estrada de ferro. Um pouco mais distante da
estação ferroviária ficava a Fábrica Grande (estrada do Corumbé, atual Avenida Presidente
Castelo Branco), porém podia-se chegar a ela a pé em poucos minutos. Outra fábrica
de louças, a Paulista, instalou-se não muito longe da Estação do Pilar, na antiga
estrada das pedreiras, hoje Avenida Barão de Mauá.
O desenvolvimento socioeconômico de Mauá está intimamente ligado ao da região do
Grande ABC e à antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, que atravessa a cidade. Inaugurada
em 1867, a ferrovia impulsionou o desenvolvimento regional ao permitir o escoamento
da produção para a capital do Estado e para o porto de Santos. Foi, portanto, um
dos fatores de atração para as primeiras indústrias da região. Entretanto, no caso
de Pilar, hoje Mauá, houve também um outro importante fator: o solo apropriado para
a atividade ceramista. Tal solo era rico em argila branca, ideal para a fabricação
de cerâmica e porcelana. Das primeiras fábricas de louças até 1943, data da criação
da Porcelana Real, hoje Porcelana Schmidt a importância do setor ceramista e de
porcelana foi crescente. O fato de ter sido grande produtor do ramo levou o município
a ser chamado de "cidade porcelana". (MÉDICI, 1982).
Na década de 50 do século passado, iniciou-se em Mauá a implantação do parque industrial
mecânico e metalúrgico (notadamente de autopeças), químico e petroquímico. A chegada
da indústria petroquímica na cidade, marcada pela inauguração, em 1954, da Refinaria
e Exploração de Petróleo União S/A, que viria a ser a Refinaria de Capuava - Recap,
coincidiu com a emancipação político-administrativa de Mauá, até então distrito
do município de Santo André.
O setor industrial continua sendo o que mais gera empregos formais e contribui com
a arrecadação de impostos. Ainda hoje há a predominância das indústrias químicas,
petroquímicas, mecânicas e metalúrgicas. As indústrias de maior porte estão situadas
nos Polos Petroquímico de Capuava e Industrial de Sertãozinho.
Atualmente, a questão do desenvolvimento econômico e social sustentável da cidade
ocupa lugar central na definição das políticas públicas voltadas para a promoção
do desenvolvimento local. A atuação do poder público, por meio de reformas na legislação,
da reforma administrativa e de políticas públicas, é imprescindível para a deflagração,
disseminação e manutenção de um processo de desenvolvimento sustentado, que permita
a superação das enormes carências sociais ainda existentes na cidade.